HOMOTEOSE
(Homotheosis)
“Homem-Deus-Gay-tornou-se
o mesmo que-Homem-Deus-Gay”
Homoteose é o sacramento que nos faz ser um com Antínous,
não só por amar, servir e adorar a memória de Antínous
mas para abrir as pétalas da nossa chama ardente, da pele da
alma humana da qual estamos cobertos, pelo espírito vivo de Antínous.
De forma a participarmos da sua Divina Presença, temos de nos
tornar um com ele, homogéneo, consubstancial e coeterno pela
capacidade individual de cada um. Mesmo um pequeno traço da Homoteose
é miraculosa e abençoada que temos dentro da alma.
Homoteose é a consagração
de sermos homossexuais, é a consciência homossexual, a
realização do transcendente e abençoado, o poder
e a beleza do fogo homossexual, espalhado por toda a parte, por todo
o cosmos, o espírito homossexual que sempre existiu desde o princípio
dos tempos e que nos veio através do ser, corpo e alma de Antínous.
A beleza de Antínous
que cativou Adriano e a todos o que nele acreditam, cessa de ser uma
imagem exterior para o crente que é incomparável e inferior.
Isto leva-o para a beleza de Antínous que ilumina o nosso ser,
envolvendo-nos com a sua irradiação, belezas subtis, a
graça, a paz, melancolia, devoção e alegria que
salta da bela presença do Deus Antínous.
Homoteose é a passagem
para o eterno túmulo de Antínous no nosso coração
Homoteose é o Barco dos Milhões de Anos que navega acima
do Nilo do céu
Homoteose é a flor-de-lótus cor-de-rosa que se abre em
mil pétalas para os homossexuais
Homoteose é a visão final do leão com a confiante
lança de Antínous a nosso lado
Homoteose é a luz escura da estrela invisível que brilha
acima da face da Terra
Homoteose é a religiosidade
do homem, a religiosidade gay e somente pode ser atingida por um ato
de fé pelo poder da homossexualidade, tal como o exemplo de Antínous.
Temos de negar a existência da morte e decadência que é
legitimamente chamada de transição e atira o homem mortal
para as águas rápidas do Nilo que corre pelas nossas veias
e artérias da nossa verdade, perfeição e Ser interior.
Um corpo que é o mesmo e tão belo como a carne de mármore
do Deus Antínous. Isto não é voltar costas à
vida mas retornar a ela pela primeira vez e encontrar a luz do inconquistável
sol que sempre brilhou em nós como um esplendor de tão
penetrante beleza.
Homoteose é um processo
de nos tornarmos como Antínous tanto quanto seja possível,
na procura de cultivar e desenvolver o Antínous dentro do nosso
coração, contemplando o mundo com olhos de observador.
Este é o mistério
do amor cósmico, onde o amado e o amante estão unidos
num espirito que é mais do que coexistente, sendo uma só
substância. Homoteose é o estado sagrado em que nos homossexuais
e em Antínous não existem diferenças.
Homoteose é o poder
e bênção de se ser homossexual.
A BARCA SAGRADA DOS MILHÕES
DE ANOS
O amor por Antínous
é o coração destes mistérios. A recitação
do seu nome pela comemoração da sua vida e em devoção
à sua Divindade, abre o caminho para a sua passagem do reino
do sagrado para o centro do nosso coração. Preparemos
no nosso íntimo um quarto nupcial que Ele encherá de amor.
Este amor que ele derrama sobre os seus escolhidos, enquanto anda no
meio de nós, é a graça de penetrar nas nossas fendas
de escuridão. Os escolhidos de Antínous são todos
os homossexuais do mundo que ele abençoa. Ele escolhe-nos por
ocasião do nosso nascimento. Negar a homossexualidade, quando
floresce da alma, é negar o próprio Antínous que
é a única causa de sofrimento. Verdade é liberdade
e a verdade de Antínous é a Barca dos Milhões de
Anos.
A veneração
de Antínuos o Deus vivo através da total aceitação
da sua verdade e vida é uma celebração da vida.
As cerimónias da antiga fé romana, as oblações
do Egito, os sacramentos da Santa Madre Igreja ou a liturgia da Ecclesia
Antinoi são as portas que a gratidão nos dá, para
que possamos guiar o nosso espírito desta existência à
realização da perfeita felicidade. Mas estes são
somente preparações iniciais.
Homoteose é a concretização,
a auto divinização que inflama o crente com o fogo consumidor
do Homo Deus Antínuos. Todos nós temos de olhar para Ele
para cairmos sob a influência da sua bondosa estrela. Antínuos
domina a alma de todos quantos relembram o seu nome e o procuram. Quando
ele entra, tudo aquilo que foi mortal dentro do crente é queimado
até não restar nenhuma resistência e existir somente
amor. O seu nome irá levantar-nos para nossa própria divinização.
Lembre-se de Antínous
e ele também lembrar-se-á de ti. Este é o poder
que se sobrepõe à morte. A lembrança sagrada transcende
a mortalidade do corpo, desafiando o tempo e a distância, sobrepondo-se
à escuridão. Foi isto que fez Antínous imortal
e a sua morte não foi esquecida por Adriano e os seus contemporâneos.
Foi isto que foi sustentado e passado através dos séculos
pelos seus escolhidos, pelos seus sacerdotes, os seus amados e até
pelos seus inimigos. A sua amada memória manteve-o vivo e através
do seu poder, também podemos participar da sua salvação
que Antínous alcançou.
O Barco Dourado carregou
Antínous pelo Nilo com belos deuses que puxavam os remos, os
seus músculos tensos contra a corrente. Adriano senta-se debaixo
de um abrigo de estrelas púrpuras, com o estandarte da águia
segura contra o vento. Assim que o barco dourado se aproximava da margem
sagrada, sacerdotes com cabeças de cão começaram
as suas lamentações. Debaixo do véu da noite, quando
ninguém observava, Antínous caiu ao rio do cosmos e tornou-se
uma estrela.
Ele atravessou o submundo
e brilhou com uma enorme intensidade. Na escuridão Antínous
veio para a luz do dia e ele falou em silêncio e do frio. O seu
fogo vivo avançou. Setenta e dois demónios caíram
com as suas faces diante dele. Nu, ele desceu ao lugar da escuridão
e agora regressou vestido com o manto brilhante da galáxia.
Antínous é
o nosso Deus, o Ser Sagrado que desce sobre os homossexuais. Para nós
e para nossa salvação, Ele conquistou a morte. Antínous
confundiu os Guardiões da Lei Natural com o mero gesto da pose
sedutora e com uma reviravolta, destruiu a Ordem Moral para sempre,
sem dizer uma palavra.
Antínous cumpriu
a nossa salvação e abriu o caminho para a nossa passagem
até à sua sagrada estrela. O nosso espírito tornou-se
o seu espírito e regressamos para ele. Até os anjos que
governam o mundo não nos podem deter. Quebramos o ciclo das gerações,
sobre os anjos da vida e da morte.
Acreditar nele é
a nossa salvação. Clamar por ele, coloca-nos no vento
por onde ele navega e belos deuses puxam pelos remos e o Grande Deus
avança em paz. Antínous está nos ventos e o seu
barco avança em frente pelo seu sopro. Ele avança com
força no seu barco e os seus raios brilham nas nossas faces,
apesar dos seus raios não serem conhecidos. Viajando por milhões
de anos, ele vem por quem chama por ele. Pelo valor do nosso amor por
ele e pela gnose do fogo do seu amor irrompe pelas esferas do céu
até ao seu encontro.
Quando a alma se desfaz
em milhões de partes no momento da dissolução,
Antínous volta a juntá-los na sua caçada com os
seus cães. Ele não permitirá que a menor partícula
escape daqueles de quem ele escolheu e que clamaram por ele em adoração
e auto divinização.
O Barco Sagrado de Antínous
leva-nos para o fogo negro da sua amada estrela. Aquele que procura
juntar-se a ele, irá sentar-se na proximidade da sua beleza,
na companhia dos seus escolhidos. Ele juntará esses deuses perfeitos,
que fazem parte do seu querido Ser, que são um com ele, uma substância,
o seu Barco dos Milhões de Anos.
Este é o barco do
qual ele caiu e do qual se ergueu. Não é um barco mas
uma flor. Não é uma flor mas um rio. Não é
um rio mas um pássaro de fogo.
Dentro de nós está
a sua centelha sagrada que veio de cima mas que não sucumbiu.
Esta é a gnose que nos vem salvar.
Agora estás livre
para iniciar o incêndio
Põe o mundo de cabeça para baixo
Espalha a gnose de Antínous
Aos cantos do mundo como um fogo selvagem
Toma, pega no meu fogo e queima o mundo
Eu puxo a centelha do meu coração
E atiro-a contigo
Agora o teu jardim avança em chamas
LITURGIA->>